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"Olhe estes olhos. Escute esta voz. Toque este cabelo. Agarre este corpo. Destrua este coração."

domingo, 2 de janeiro de 2011

Os Filhos da Noite

Faziam dias que eu permanecia daquele jeito. Com olhos borrados, paredes manchadas, guardanapos molhados de lágrimas. Faziam dias que eu não conseguia achar significado em nada nem para nada. Eu só conseguia chorar e me lamentar. As janelas estavam emperradas e a torneira da pia estava aberta e derramava água sem pausa pelo chão da minha cozinha. E eu afundava mais e mais na minha cama, em meio á lágrimas e dor.
Então com um som estrondoso um ser escuro como a noite, tão conhecido por mim de outras dores, entrou pela minha janela emperrada. Ele revelou um rosto pálido e vazio que falou com sua voz silenciosa:

-O que a aflige desta vez querida?
-Eu estou esgotada, -respondi olhando meu teto mofado com lágrimas vis nos olhos- Eu não quero mais, eu quero sair daqui. E não é covardia eu sempre luto, você sabe que sim, que é difícil me abater por muito tempo. Mas ultimamente eu não quero mais lutar. Eu não tenho mais motivos pra nada. Eu não consigo viver por mim mesma e só. Eu preciso de alguém por quem viver.
-Também estou esgotado querida, entendo cada palavra sua... Vamos sentir a noite! E só voltar pra casa quando o sol estiver nascendo. Venha comigo ser um filho da noite! É aqui que o melhor acontece. É, sentir o pecado na noite, fazer valer a pena esses miseraveis dias da nossa juventude.
-Sim. Vamos James, vamos para a escuridão.
E assim James me salvou mais uma vez dos meus olhos borrados, das minhas dores vãs e do meu choro incessante, como a torneira da cozinha. Ah, minha ganância de copas. Como eu amo essa dor.



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