Pedro encarou o céu azul por mais um tempo, olhou novamente pra baixo pra ver se os guardas já tinham ido e desceu. Ele morava do outro lado da cidade, na ala oeste, mas sempre saía do seu distrito para ajudar quem precisasse. Desde garoto ele era assim, um dos poucos humanos com algum senso de auxílio e amor pelo próximo.
Ele estava na metade do caminho quando de repente os carros nas pistas começaram a bater, capotar, parar. As motos caiam sem motoristas, e os capacetes sem cabeças pra proteger rolavam pelas pistas. Um avião desabava ao longe e um helicóptero caiu a centímetros de onde Pedro estava. Ele estava em choque. Onde estavam as pessoas que guiavam esses meios de transportes? O que diabos estava acontecendo?
As calçadas segundos antes lotadas, agora estavam vazias e frias. O silêncio das vozes fez com que Pedro se arrepiasse. As pessoas simplesmente sumiram, desapareceram no ar. Por que elas sumiram? Por que ele não sumira também? Por que os carros e motos e aviões e helicópteros não sumiram também? A cabeça de Pedro estava a mil.
Sentiu-se tonto, sentou no chão com a cabeça entre as pernas. "Quem sabe eu não estou viajando?" Pensou ele. Levantou a cabeça lentamente. Só nada. Carros batidos, incêndios e algumas pequenas explosões, mas nada de vida humana. Pedro sentiu um aperto no peito seguido de um enjôo. Sua família? Desaparecera também? Levantou-se de súbito, pegou uma moto na pista e foi pra sua casa.
Ao entrar no distrito viu alguns cavalos e sua esperança ganhou força. Talvez sua família estivesse bem, estivesse lá. Talvez não. Pedro chegou em casa, abriu a porta e Não, Nada. Em lugar algum, de modo algum. E depois de vomitar e chorar Pedro desejou ser nada, como sua família era agora.
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