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"Olhe estes olhos. Escute esta voz. Toque este cabelo. Agarre este corpo. Destrua este coração."

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Crônicas de Pandora: Titulo III

Pandora desabou. Como Dr. Hatter pôde ter feito isso com ela? Ele sabia o que aquilo era, ele sabia o que tinha dentro, e mesmo assim, sem pena, o dera de presente á Pandora. Ela não conseguia entender. Olhou para o vestido de noiva e se permitiu esquecer de todos os outros que tinham sido afetados pela caixa. Olhou para o vestido e lembrou de tudo que vivera até agora. Lembrou-se do seu noivo, dos seus pais, da sua família. Por que de repente tudo, desaparecera no ar? Ela sentia as forças se esvaírem e a garganta não tinha mais forças pra soluçar. Levantou-se capengando, agarrando a única coisa que lhe restara: o bilhete. Saiu e a secretária, Hera, desaparecera. Assim como todos os outros do hospício."Desgraçados." Sussurrava Pan, caminhando mole para fora do lugar.
Vazio. Silêncio. Pan se sentiu a última pessoa no mundo. E talvez fosse. Ou talvez não. Desistiu de chorar e pensou nisso como uma esperança. "E se a caixa afetou apenas Cheshire? E se outras cidade ainda estão intactas?" Pan largou o bilhete e agarrou-se á isso com todas as suas forças.
Pegou um carro na rua e dirigiu até sua antiga casa. Vazia e silenciosa como todo o resto. Trocou de roupa, queimou o vestido, fez algumas malas, fez alguns lanches e ganhou a estrada. Chegou na primeira cidade ao amanhecer. Alguns animais, alguns acidentes, alguns incêndios, nenhum corpo, ninguém vivo. "Invadiu" um hotel 5 estrelas e tentou dormir. Tentou...

"-Olha amor, o doutor Hatter me deu um jarro com temas gregos. É lindo todo em mármore, você não achou?
-É bonito mesmo... olha que legal amor, tem a história de pandora talhado nele...
-Ele me pediu para não tirar a tampa dele...
-Ué por que?
-Não sei, mas por via das dúvidas, não vou tirar. Não agora pelo menos..."

"-Pan o que está fazendo? Temos que ir, seu noivo está esperando!
-Já vou... só vou... abrir isso aqui e..."

-AH! - Pan acordara do sonho/lembrança.

Sentiu-se culpada, sufocada, triste, irritada, só. Como uma merda de jarro pode destruir tanto? Não deveria ter aberto aquilo. Ela sabia bem disso.
Ligou a Tv na esperança de alguma esperança e nada. Em canal algum. Alguns chiavam, outros tinham um cenário de jornal vazio. Mas nem sinal de vida. Pegou o celular e ligou para todos os números contidos nele. Nem as operadoras de telemarketing estavam mais lá. Pan não tinha mais sentido, nem objetivo. Não tinha idéia do que faria dali a frente.
De tão cansada adormeceu. Acordou no outro dia determinada a encontrar mais algum "sobrevivente". Nem que para isso fosse preciso dar a volta no país.

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