~

"Olhe estes olhos. Escute esta voz. Toque este cabelo. Agarre este corpo. Destrua este coração."

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Delírios de um Coração Dolorido

-A música me fez lembrar subitamente você. De repente seu cheiro invadiu minha casa, cada cômodo, cada canto. Então, por instantes, pensei que você estivesse aqui… Engano meu, talvez uma sobra da sua presença, do seu desejo, mas Você, não, você não estava aqui.

-E então meu coração morreu. Assim naturalmente como cai uma folha no outono. Silenciosa e calmamente ele morreu. O Silêncio do ar, o adeus dos sentidos… Senti-os calmamente. Não havia motivo para desespero. Não havia remédio. O que era para ser seria, quisesse eu ou não. Porém você não me deixou ir, sua voz despertou o Ar e os Sentidos me fazendo voltar das trevas em que me abrigara.

-As paredes da minha casa possuem vida. Cada parede possui voz. Cada voz me lembra algo. Essas paredes possuem às vezes, mais vida que eu. Elas na verdade, possuem minha vida, em pedaços, em cacos e quando eu me for apenas elas ficaram, com suas vidas, suas vozes e Minhas lembranças.

-A saudade começara a destruir a casa com seus gritos. A Solidão escorria pelas rachaduras nas paredes. A Dor que sempre estivera aqui sentada me observando, agora se levantara e me encarava com um sorriso diabólico.

-Ah, o doce olhar da menina. Ela se balançava debilmente no balanço enferrujado. Cantava uma cantiga que eu um dia também soubera, mas que agora já apodrecia na minha cabeça. Ela com seus longos cabelos negros chorava lágrimas de sangue e girava a cabeça da boneca que jazia em seus braços. ‘Desespero… ’ Sussurrei para mim mesma, ‘Me chamou? ’ sussurrou a garota de volta. Era o fim da Esperança nos braços do Desespero.

-Naquele dia negro eu vira um rapaz na chuva. Olhando pro céu com olhos inexpressivos. Não sabia se chorava ou não, as lágrimas se misturavam á chuva. Segurava entre os dedos um delicado relicário. Aproximei-me dele e o ouvi sussurrar para a chuva ‘Como a Doce Morte’. Ah minha doce e companheira, Morte.

Lady Caos

Nenhum comentário:

Postar um comentário